O Treinamento de Força Para Portadores de AVC
É um grande desafio a reabilitação e recuperação funcional
do paciente que sofreu um derrame, pois existe uma série de limitações
provenientes da fraqueza muscular.
Embora muitas vezes não tenha sido utilizado, o
fortalecimento muscular tem se mostrado positivo, o programa de treinamento de
resistência progressiva contribui para o aumento da força muscular, mobilidade
articular, porém nenhum aumento na espasticidade.
O treinamento de força colabora para o aumento na ativação
neural e melhora da função e autoestima. O treinamento muscular combina
movimentos concêntricos e excêntricos tendo um efeito maior em relação a ganho
de força muscular e desempenho funcional.
As contrações concêntricas de alta tensão possibilitam que
os estímulos do treinamento conquistem unidades motoras inteiras. Já as
contrações excêntricas induzem com mais eficiência os componentes elásticos do
músculo.
Há estudos que evidenciam que o treinamento de força tem um
papel fundamental na reabilitação funcional em portadores de AVC, principalmente
treinos funcionais direcionados as tarefas do dia a dia do paciente.
Alterações Motoras Pós-AVC
Quando a pessoa sofre AVC e teve algum tipo de sequela é
hora de focar na recuperação, para que ela possa alcançar sua autonomia e
voltar a sua vida diária normalmente. Geralmente as sequelas são nas alterações
motoras (força muscular) e sensitivas (sensibilidade) afetando a mobilidade
física.
Além dessas sequelas podem acontecer déficits de memória, de
visão, na área emocional, de equilíbrio, problema para se alimentar e se
comunicar. Tudo isso depende muito da gravidade em que a região e a extensão do
cérebro foram atingidas.
Para o tratamento de reabilitação, o paciente passará por
uma avaliação que comumente é composta por fisioterapeuta, terapia ocupacional,
fonoaudiólogo, enfermeiro, psicólogo e nutricionista.
O principal objetivo é a recuperação funcional do paciente
que é caracterizada por dificuldade do controle motor, fraqueza e alteração de
contração muscular e movimentos anormais que podem dificultar as habilidades de
algumas funções como andar, vestir-se, alimentar-se e se higienizar.
A paralisia é a disfunção frequente em quem sofreu de AVC,
ela ocorre no lado contrário à região do cérebro afetada, pode abranger o lado
inteiro do corpo ou uma parte, quando é total essa paralisia é chamada de
hemiplegia e quando é parcial é chamada de hemiparesia. E quando há o problema
de equilíbrio e coordenação é chamado de ataxia, neste caso só ocorre quando o
cerebelo também é afetado pelo derrame.
Logo após o AVC o tônus muscular é muito baixo para iniciar
qualquer movimento e o paciente acaba não conseguindo manter o membro em
nenhuma posição e com o tempo pode levar a complicações secundárias como o
encolhimento muscular e das articulações, além de dor e distúrbios funcionais.
Por isso, exercícios são fundamentais para prevenir essa circunstância.
Síndrome do Neurônio Motor Superior
É o conjunto de sinais e sintomas que mostram que os
impulsos motores que partem do centro não chegam à periferia, ou seja, nos
grupos musculares. Os distúrbios motores puros são lesões que aflige os corpos
celulares dos neurônios, ou somente a raiz anterior.
Esta síndrome é decorrente de lesão corticol ou das vias
centrais relativas à mobilidade e possui sintomas bem definidos. São agressões
ao sistema nervoso central decorrente do AVC, essa lesão acomete o trato
cortiço-espinhal e as vias supraespinhais excitatórias e inibitórias, elas são
responsáveis por gerenciar a atividade reflexa medular.
Essa síndrome é caracterizada por sinais como a
espasticidade, rigidez nos braços e pernas, fraqueza progressiva, fragilidade
muscular, reflexos hiperativos dos tendões. Podem ocasionar ainda paralisia,
fadiga e perda de coordenação e destreza, o paciente pode, por exemplo,
arrastar um pé ou ter enfraquecimento muscular das mãos ou fala indistinta.
Os Sinais e Sintomas
Músculos flácidos e amolecidos;
Tônus muscular reduzido;
Atrofia da musculatura;
Paciente com ausência de reflexo;
Contrações irregulares de pequenos grupos musculares;
Alterações da sensibilidade;
Fraqueza Muscular
A flacidez é caracterizada como perda do movimento
voluntário, ou seja, após o AVC há uma perda do tônus muscular, conhecida como
paralisia flácida. Não há nenhuma resistência ao praticar o alongamento na
musculatura. E essa etapa pode durar dias e até semanas. Logo depois o tônus
muscular irá aumentar sucessivamente e a espasticidade será suscitada.
A espasticidade deve ser prevenida com a reabilitação,
através de exercícios específicos, porém, isso não quer dizer que alguns
pacientes não irão desenvolvê-la. Cerca de 40% dos pacientes que tiveram um AVC
progrediram com espasticidade, quando não tratada corretamente resulta em:
Deformação postural;
Dor intensa;
Redução na mobilização;
Menor qualidade de vida;
Comprometimento funcional;
Maior dependência do cuidador;
Alguns fatores podem agravar o quadro como:
Infecções urinárias;
Úlceras de pressão;
Retenção urinária;
Imobilidade;
Micoses;
Para tratar a espasticidade além dos medicamentos como
relaxantes musculares a reabilitação deve ser prioritária.
A fraqueza muscular é um fator limitante em paciente
pós-AVC, pois a mesma não possui capacidade de gerar força muscular normal.
Geralmente isso ocorre devido a mudanças fisiológicas no músculo plégico que
faz a força diminuir. Estudos mostram que a atrofia muscular é decorrente da
perda dos efeitos tróficos centrais, da atrofia neurogênica, do repouso
excessivo no leito durante a fase alta do AVC, da perda de unidades motoras e
do estilo de vida sedentário.
Os Melhores Exercícios Para Portadores de AVC
A priori pessoas que sofreram um AVC devem ser cautelosas ao
praticar qualquer atividade física, consultar o especialista da saúde é
fundamental para esse tipo de caso. Nem todos os derrames são iguais,
depende muito do local e gravidade, alguns exercícios são indicados e outros
devem ser evitados, por isso, reitero, o médico neurologista precisa indicar e
avaliar as atividades físicas do interesse de seu paciente.
Os exercícios sugeridos aqui são para pessoas que foram afetados
por AVC, porém já foram liberadas pelo médico para fazer exercícios físicos.
Para uma recuperação segura e efetiva é preciso uma equipe multidisciplinar de
especialistas que incluem: cardiologista, fisioterapeuta, nutricionista e o
médico neurologista.
Exercícios de reabilitação sensório motora: exercícios que
auxiliam na recuperação e restabelecimento dos movimentos de membros e músculos
prejudicados pelo derrame. As atividades propostas estimulam o cérebro e o
músculo a empregar novos mecanismos para fazer os mesmos movimentos que faziam
antes do derrame. Exercícios como segurar com força uma bolinha ou outro objeto
e soltá-lo em seguida, repetindo várias vezes os mesmos movimentos.
Outro exercício é o de equilíbrio, no qual, o paciente tenta
se equilibrar numa perna só, esse exercício ajuda o cérebro a reaprender novas
estratégias de equilíbrio.
Pilates e Tai Chi são atividades excelentes para
reabilitação. No Pilates é muito usado elástico e bolas de equilíbrio, outra
atividade muito boa é a hidroginástica.
Exercícios de fortalecimento muscular são essenciais para
evitar a atrofia. Esses exercícios também ajudam na readaptação do cérebro para
a disformidade de outras regiões atingidas pelo AVC. O treino de fortalecimento
também contribui para uma melhor circulação sanguínea evitando assim a formação
de coágulos e também evitar um novo AVC.
Caminhada, corrida, musculação, natação e exercícios na
ergométrica são atividades que favorecem a construção de músculos após um AVC,
fortalecendo gradativamente os músculos do corpo. Esses exercícios também
melhoram o condicionamento físico melhorando a resistência corporal, tornando
os movimentos e atividades do dia a dia menos cansativo e penoso.
Exercícios Para Pacientes Portadores de AVC
Segundo a Associação Americana do Coração, o uso constante
do lado afetado do corpo como o braço, mãos e dedos, contribui para novas
possibilidades de comunicação entre o cérebro e a área afetada pelo derrame. A
terapia física auxilia paciente a reeducar o cérebro a usar suas habilidades
motoras.
Estes exercícios que serão expostos abaixo como: de flexão e
abdução de ombro, flexão e extensão de cotovelo e rotações externa e interna
trabalha toda a musculatura das mãos, cotovelos, pulsos e ombros. Quando exercitamos
as partes afetadas do corpo através de puxar, empurrar ou levantar ajuda no
aumento e na eficiência dos músculos. Exercitando regularmente há um aumento
significativo das fibras musculares, com isso ocorre o crescimento muscular e
consequentemente a força muscular.
Ombros
Faça de uma a duas vezes ao dia:
Flexão de ombro: Pegue um peso, sustente o braço esticado e
levante-o, sem flexionar o cotovelo, sobre a sua cabeça, em seguida abaixe.
Repita o exercício mais 10 vezes. Faça do outro lado o mesmo exercício;
Abdução de ombro. Pegue um peso, sustente o braço reto.
Levante o braço à altura do seu ombro. Volte o braço para a posição inicial.
Repita 10 vezes e então faça com o outro braço;
Sentado, segure o bastão com ambas as mãos esticadas para
frente. Eleve ambos os braços acima da cabeça fiquem nesta posição por 15
segundos e relaxe. Repita 5 vezes;
Deitado de costas com os braços estendidos para cima. Erga
os ombros como se estivesse empurrando o teto para cima, sem levantar a cabeça.
Fique nesta posição por 5 segundos, repita 10 vezes o procedimento;
Cotovelos
Extensão do cotovelo: incline-se levemente para frente e
sustente o cotovelo atrás do corpo. Erga o peso atrás, mantendo o cotovelo reto
e então flexione. Faça 10 vezes e mude de lado;
Flexão do cotovelo: pegue um peso e flexione o cotovelo e
depois o estique. Faça 10 vezes em cada lado;
Deite-se de costas com o braço para cima, fixando o cotovelo
com a outra mão. Deixe que o peso de seu antebraço vá flexionando o cotovelo
lentamente até sentir alongar. Mantenha por 5 segundo aproximadamente e faça
mais 10 repetições;
De pé com o braço estendido para baixo e polegar para
frente. Flexione o cotovelo e mantenha nesta posição por 5 segundo. Faça 10
repetições;
Braço/ Rotação
Faça pelo menos uma vez ao dia:
Rotações externas: Segure uma faixa elástica nas mãos.
Inicie o exercício com os cotovelos flexionados a 90 graus contra o corpo. Abra
os braços movendo as mãos para os lados. Faça 10 repetições;
Rotações internas:Amarre a outra extremidade da faixa numa
maçaneta. Então, mantendo os cotovelos em 90 graus, empurre a outra extremidade
na direção do seu abdômen. Faça 10 repetições;
Pulso (punho)
São ótimos exercícios, porque faz o levantamento de peso e
este tipo de atividade contribui para a formação de tecidos ósseos, tornando-os
mais forte. Esses exercícios também melhora a corrente sanguínea, aumenta a
massa muscular e a força;
Segure os pesos com as mãos, com os seus cotovelos
flexionados a 90 graus. Vire a palma da mão para cima e para baixo. Faça 10
repetições;
Com as palmas das mãos para baixo, segure um peso em cada
mão e flexione o cotovelo a 90 graus. Mova o pulso para cima e para baixo,
enquanto mantém o cotovelo estático. Faça 10 repetições;
Segure a mão dobrando o punho para baixo até alongar.
Mantenha por cerca de 5 segundos e repita mais 5 vezes;
Joelho
Faça de uma a duas vezes ao dia:
Deitado de costas com a perna esticada e o joelho da outra
perna flexionado. Eleve a perna esticada até a altura da outra flexionada.
Mantenha nesta posição por 10 segundos, desça lentamente. Faça pelo menos mais
três vezes;
Continue deitado e com uma faixa elástica no calcanhar,
eleve a perna do solo até ficar totalmente esticada. Fique nesta posição por 10
segundos, volte devagar e repita mais 5 vezes;
Tornozelo
Faça pelo menos duas vezes ao dia:
Sentado numa cadeira com o pé apoiado no chão, eleve o calcanhar
sem tirar os dedos do chão, mantenha nesta posição por 5 segundos e repita mais
10 vezes;
Sentado no solo com uma faixa ao redor do pé, puxe a ponta
do pé para o seu corpo até alongar. Repita mais 10 vezes;
Pescoço
Faça de uma a duas vezes ao dia:
De pé com a postura alinhada, dobre o pescoço para frente
encostando o queixo no tronco, fique nesta posição por 5 segundos e faça mais
10 repetições;
Sentado, olhar para frente, dobre o pescoço para um lado,
mantenha por 5 segundos e depois para o outro lado, repita 10 vezes;
Coluna
Faça pelo menos uma vez por dia:
Fique de pé com o braço sobre a cabeça, incline-se para a
direita até sentir alongar, repita o movimento do outro lado. Faça 10
repetições de cada lado;
Deitado de costas, puxe o joelho em direção ao peito, à
outra perna fica esticada encostada no chão. Repita 10 vezes em cada perna;
Qual a Intensidade dos Exercícios
A intensidade dos exercícios deve ser leve a moderada, são
na maioria exercícios diários para a reabilitação. Em relação aos exercícios
aeróbicos ou de musculação devem ser leves a moderados três vezes na semana,
porém, o ideal é obter a orientação e prescrição médica antes de realizar
qualquer atividade.
O Papel do Educador Físico
É importante destacar e salientar que o profissional da área
de educação física também é um especialista na área da saúde e é apto a
avaliar, programar e orientar programas de exercícios físicos para toda a
população, portanto, é primordial que ele esteja presente desde a primeira fase
de reabilitação do paciente, ele deve fazer parte do corpo clínico, trabalhando
em conjunto com os mesmos para potencializar o programa de recuperação do
indivíduo.
O professor poderá ensinar o aluno os proventos que os
exercícios constantes proporcionarão ao mesmo. Este mesmo profissional será
responsável por elaborar programas de exercícios físicos respeitando a
limitação e individualidade do paciente.
Ele também orientará a forma de realizar o exercício, suas
variáveis como a intensidade, a sobrecarga, a duração, a frequência semanal e a
progressão do esforço tendo como meta a melhora do seu condicionamento físico,
aptidão física e habilidades motoras, para o aluno adquirir maior independência
e adotar um estilo de vida mais saudável.
Cuidados e Restrições
Exercícios na esteira devem ser evitados, opte por caminhada
ou exercícios na ergométrica;
O instrutor físico deve esclarecer ao paciente/aluno as
particularidades entre exercício físico e esporte. Estas elucidações
permitem-lhe fundar a escolha do tipo de atividade mais adequada,
considerando-se tanto as suas preferências como as suas limitações;
O professor deve ter conhecimento necessário a respeito da
patologia e condições clínicas do paciente/aluno, para que ele possa aplicar a
correta intervenção e programas de rotina de treinamento para o aluno.
Destacando que a meta principal é que os benefícios sejam maiores que os
riscos, adaptando a frequência cardíaca de treinamento (FCT) das atividades
conforme os resultados de testes de consumo máximo de oxigênio (VO²Máx).
Conclusão
É um momento doloroso, porém é preciso recomeçar, há muitos
desafios pela frente para pessoas que foram fragilizadas pelo acidente vascular
cerebral. Por isso, o exercício físico é uma ferramenta essencial para a
reabilitação do paciente. É preciso muita dedicação e disciplina, consulte o
médico e faça atividades que lhe proporcione bem-estar, assim você obterá
resultados satisfatórios tanto motor como cognitivo.
Lembre-se, agora você terá um novo estilo de vida, pratique
exercícios físicos regularmente e mantenha o peso controlado. Deixe os hábitos
ruins como o tabagismo e o sedentarismo e tenha também uma alimentação
saudável, ou seja, adote o hábito inteligente e que pode contribuir para
redução de risco de derrame cerebral.
E não se esqueça, mantenha a calma, sê possível fique longe
de tudo aquilo que causa estresse e ansiedade.
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